domingo, 16 de maio de 2010

...

"Existem quatro coisas na vida que não se recuperam:
- a pedra, depois de atirada;
- a palavra depois de proferida;
- a ocasião, depois de perdida e 
- o tempo, depois de passado."
(Almodóvar) 

     Ai...que bom seria podermos controlar o tempo... Fazê-lo passar bem depressa nas horas de aflição e pará-lo nos momentos bons...
     Retroceder na caminhada e voltar a viver os melhores anos de nossas vidas, e lá ficar sem ter que se preocupar com o hoje ou o amanhã... Retroceder a idéia, ponderar as críticas, amenizar o ímpeto como uma oporundade de fazer de novo e melhor. 
     Quem nunca pensou assim... um dia que fosse, naquele momento em que nos damos conta de ter feito tudo errado, de ter desperdiçado a oportunidade ou recusado a mão que nos foi estendida?
     Já dizia o centenário Emílio Moura: "Viver não dói. O que dói é a vida que não se vive". 
     Jaá pensou nisso? A nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. 
     Temos algo como uma pré-disposição a esquecemos o que foi desfrutado e sofrermos pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido e não conhecemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.   
     Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. 
     Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. 
     Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. 
     Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
     Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: se iludindo menos e vivendo mais. 
 
     É preciso viver o presente sendo desejosos de realizações, reconhecer que o medo que o futuro insiste em querer nos projetar é apenas e nada mais que um medo. 
     Para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. 
     Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. 
     Desconfie do destino e acredite que todo dia é uma oportunidade de fazer a diferença!